Carisma da Comunidade
Antes de dizer sobre o nosso Carisma, gostaria de explicar algo do
que seja “carisma”.
A palavra carisma significa graça (I Cor 12,4)
O vocábulo grego xárisma significa
graça, favor ou dádiva
divina, que como tal não implica uma retribuição.
A bênção é dada sem custos; como se diz
obrigada em grego moderno – evxaristó, traduzindo à
letra «boa graça» – sem pedir nada em troca.
A gratidão e a graça são, portanto amigas. É
grato quem foi agraciado, sendo a ingratidão a incapacidade
de reconhecimento da bênção recebida. (Bombainteligente.blogs.sapo.pt)
Em sentido teológico
Este termo é usado na Igreja Católica para indicar um
dos diversos dons ou graças especiais concedidos pelo Espírito
Santo, àqueles desejosos de servir a Deus. Segundo o Compêndio
do Catecismo da Igreja Católica, os carismas "são
dons especiais do Espírito, concedidos a alguém para
o bem dos homens, para as necessidades do mundo e, em particular,
para a edificação da Igreja" (n. 160).
Os Carismas se enraízam dos 7 dons do Espírito Santo
de Deus: Sabedoria, Entendimento,
Conselho, Fortaleza, Ciência,
Piedade e Temor de Deus. Estes geram
formas diversas de atuação no mundo como instrumentos
do próprio Deus. Como exemplos, têm-se a vida Religiosa
Contemplativa, Apostólica, Missionária a vocação
Sacerdotal e uma infinidade de outras manifestações
e formas de vida. (pt.wikipedia.org/wiki/Carisma)
Carisma de Fundação
Um Carisma de Fundação é:
• Uma coisa nova para Igreja;
• Um dom de Deus, que traz em si, uma graça particular
para quem vive e para quem recebe.
• Manifestação de Jesus Cristo de uma maneira
específica na Igreja, em resposta aos desafios de hoje da Igreja
e do mundo.
• Ele é transmissível a outros. Deus coloca em
outros a identificação com aquele carisma.
• É uma graça de Deus maior do que o fundador
e os demais membros. Uma novidade que ultrapassa a humanidade, entendimento
e suas capacidades humanas, sendo para estes também novidade
e desafio.
• Uma nova forma de vida.
• Como um código genético, que não dá
apenas a identidade a um instituto, mas a cada um de seus membros.
É uma verdadeira identidade daquele que é chamado.
No percurso de toda a história, tem suscitado no interior
da Igreja, da qual é a alma, uma infinidade de carismas, em
resposta às urgências, necessidades e desafios da humanidade
e as suas próprias, mantendo-a sempre jovem e atuante.
Que tipo de resposta e iniciativa o Espírito de Deus prepara
para a Igreja no 3º Milênio?
São Francisco de Assis, por exemplo, recebeu um carisma original
para servir à Igreja de seu tempo. Ele não era o melhor,
o mais inteligente, o mais capaz, o mais santo!
- O franciscanismo não existia antes de Francisco. A pobreza
sim, mas não a pobreza franciscana.
- A novidade do carisma está no "como".
O segredo não é os meios, nem os métodos, mas
sim o próprio carisma que se expressa através dos meios
e métodos. Ele vai além dos métodos e meios.
Reconhecemos um carisma quando há um conteúdo experimentado
e confirmado por frutos vivenciais concretos. Sua finalidade não
é a comunidade em si mesma, mas a Igreja, por isso, a delineação
do carisma, contorno e matizes, de sua missão na Igreja, são
resultado da escuta de Deus pela oração, estudo, experiências
vividas e compartilhadas com a comunidade.
A delineação é obra do Espírito, e é
confirmada, com o tempo, pela Igreja!
No início de uma comunidade não existe nada definido.
Com o tempo e a resposta do fundador e de sua comunidade se vai descobrindo
e conhecendo mais sobre o carisma e a estrutura que lhe deve dar suporte!
(www.comshalom.org/formacao/comunidadesnovas/temasdeformacao/carisma)
A palavra carisma é também amplamente utilizada para
definir a influência e fascinação por alguma pessoa.
O carisma está ligado a forma da pessoa de ser e de agir.
O Carisma Corpus Christi
A essência do Carisma Corpus Christi é
Trinitário e está expresso no Mistério da Encarnação.
“É preciso que ouçamos a Palavra de Deus e ouvindo,
a obedeçamos como Palavra de Deus, e assim encarnarmos, pela
ação do Espírito Santo, a Palavra a nós
dirigida (cf. Jo 1, 14), que gera em nós o Filho, e é
por meio Dele, estando Nele inseridos como ramos na Videira, que somos
admitidos, como Filho na Trindade. (cf. Jo 1,12a; 14,23)
Cumprindo o desígnio de reunir em Cristo todas
as coisas, as que estão nos céus e as que estão
na terra (cf. Ef. 1, 9-12), sendo um com o Pai e alimento
para os irmãos, podermos transformar as realidades deste mundo
que tem desfigurado a imagem e semelhança de Deus nas pessoas.
E tudo isso, para a maior glória de Deus, para a salvação
das almas e para o bem da Igreja.” (cf. MR, Liturgia Eucarística,
Preparação para as oferendas, Rito da Missa celebrada
com o povo, nº 25)
Sendo “Um” com o Senhor, acolhermos a presença
do Pai, que vem a nós para em nós fazer morada (Jo
14, 23).
“Cristifinalizar” todas as coisas pela unção
do Espírito Santo, reunindo-as em Cristo e ofertando-as ao
Pai com a oblação do Senhor na Celebração
Eucarística. Por Ele, com Ele e Nele nossa vida em Oblação,
consagrando todo o mundo e as realidades à nossa volta.(cf.
CCE 901)
ENCARNAR A PALAVRA
Assim como o Anjo do Senhor anunciou a Maria, e desta Palavra ela
concebeu do Espírito Santo (cf. Lc 1, 26-38), acolhendo
em si, em sua própria carne, o Corpus Christi gerado do Pai,
é absolutamente necessário que, ao recebermos o Anúncio
da Palavra, tenhamos a compreensão de que junto com Ela, também
nos é dada a graça para realizá-la no nosso tempo,
deixando o Pai gerar, na força do Espírito Santo, também
em nós a encarnação do Verbo.
É absolutamente necessário que cada um, ouça,
conheça, acolha e “encarne” a Palavra
de Deus, pois só O ama quem O obedece (Jo 14, 21).
Somente aqueles que conhecem a Palavra e a amam, vencem o mundo. O
amor à Palavra nos faz fiéis.
A UNIDADE
Sendo o nosso Único Deus três pessoas numa só
divindade, tudo uniu a si pelo sacrifício do Nosso Senhor Jesus
Cristo que reuniu em si todas as coisas, as visíveis e as invisíveis,
as celestes e as terrestres.
Esse “Divino Três”, sendo manifesto a nós
na pessoa do Filho, nos ensina a fraternidade universal no Pai que
nos adota fazendo-nos filhos seus e irmãos entre nós,
ensinando-nos a igualdade na fraternidade e a reconciliação
no perdão.(cf. VFC, n. 9)
Todo batizado, nascido da morte e ressurreição
de Jesus Cristo, é por força sacramental unido a Ele,
e por meio d’Ele, ao Pai, no Espírito Santo. Se esta
realidade do mistério deve ser manifesta em nós e não
somente a nós, para além do conhecimento cultural, religioso
e teológico, precisamos conhecer estas realidades, mais do
que teórica, mas empiricamente, ou seja, fazendo a experiência
de Deus Santo, Uno e Trino que nos chama e nos acolhe para partilharmos
de sua Vida Plena e Eterna. O Deus Único e Uno não se
separa, antes se doa sem se dividir, pois como é Deus absoluto,
não lhe cabe medida ou porção. Toda divisão
é contrária a Deus e à sua essência.
A Unidade Trinitária, agindo em nós, é
a soma de muitas partes que formam um único todo. Partindo
de Cristo tornar-se-á unidade como a que Ele vive no Pai e
no Espírito Santo, chamando-nos a “sermos santos na unidade”.
“O cálice da bênção, o cálice
que abençoamos, não é comunhão com o sangue
de Cristo? E o pão que partimos, não é comunhão
com o Corpo de Cristo? Porque há um só pão, nós
todos somos um só corpo, pois todos participamos desse único
pão” (1 Cor 10, 16-17)
Na última ceia confiou-nos o novo mandamento do amor: “Eu
vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos
tenho amado, assim amai-vos também vós uns aos outros”
(Jo 13,34; cf. 15,12).
Após o que, instituindo a Eucaristia, deu-nos
comungar do único Pão e do único Cálice,
para que alimentados de seu amor, tenhamos força de amar-nos
uns aos outros. Dirigiu-se ao Pai expressando seu desejo de ter-nos
participantes da unidade e comunhão trinitária: “Para
que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em
ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia
que tu me enviaste” (Jo 17, 21).
Só existe verdadeira comunhão quando as partes se doam
mutuamente. A doação de Deus nos impele também
a nos doarmos a Ele.
Sendo um com o Pai, devemos viver a unidade com Deus e com o próximo,
de tal forma que possamos reunir e restaurar em Cristo todas as coisas.
“Instaurare omnia in Christo” (cf. São Pio
X) — "Se alguém pedir uma palavra de ordem,
sempre daremos esta e não outra: Restaurar todas as coisas
em Cristo" (cf. Ef 1, 10).
Se somos aceitos pelo Pai na Comunhão Trinitária,
precisamos acolher o próximo, para que também esse possa
conhecer e desfrutar da graça que o chama a ser Filho na Trindade,
pela Encarnação do Filho de Deus.
Nossas vidas deverão dizer isso: - Somos todos chamados pelo
Filho que se fez homem, a sermos filhos de Deus nEle.
Sabemos que, embora Jesus seja irmão de todos,
nem todos são seus irmãos, pois não fazem a vontade
do Pai ( cf. Mt 12,50), mesmo assim, são chamados
por Cristo a comunhão com Ele, que é o Filho do Homem.
Jesus não nos oferece a sua acolhida fraterna, nos tornando
seus irmãos, mas nos concede sermos seus irmãos por
nos dar a sua Filiação, para que sejamos filhos no Filho,
“Um com o Pai” (cf. Jo 1, 12).
Aquele que recebe de Deus bênçãos,
distribui bênçãos, pois só se pode dar
o que de fato se possui. Sendo assim, como filhos abençoados,
ao acolher um irmão, sempre pronunciaremos a saudação:
“Benedictus Qui Venit In Nomini Domine” – “Bendito
O Que Vem Em Nome Do Senhor” (Sl 117, 26). Se somos
acolhidos, deveremos ser acolhedores, não em nós mesmos,
mas Naquele que nos acolheu, pois não é nosso amor humano
que redime, senão somente o amor de Cristo.
Todos os pecadores e mais necessitados são assim abraçados
pela misericórdia de Deus, e uma vez que nós sejamos
assim abraçados pelo Pai, devemos distribuir todas as graças
a nós concedidas, a fim de que mais pessoas conheçam,
experimentem e proclamem as misericórdias do Senhor.
SERMOS “HÓSTIAS VIVAS”
(Rm 12, 1 (Tradução: Bíblia de Jerusalém)),
ALIMENTO AOS IRMÃOS (cf. Mc 6, 37)
Se não nos ofertarmos, se não formos triturados como
o grão de trigo na vida em comunidade e se não morrermos
para nós mesmos, não seremos alimento, pois só
um grão de trigo não faz pão. “Em verdade,
em verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na terra,
não morrer, fica só; se morrer produz muito fruto. Quem
ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida
neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna.”
(Jo 12, 24 – 25)
Aquele que se deu todo a nós, por amor de nós, não
nos pede muito, quer o nosso tudo. “Não podemos viver
a Eucaristia sem estarmos animados do espírito que levou o
Cristo a dar sua vida pelo mundo” (CONGREGAÇÃO
DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO, Regra de Vida, n° 4).
“Possamos, ó Deus onipotente, saciar-nos do Pão
Celeste e inebriar-nos do Vinho Sagrado, para que sejamos transformados
naquEle que agora recebemos, Por Cristo Nosso Senhor” (
MR, Oração depois da Comunhão, 27º Domingo
do Tempo Comum).
SER IGREJA
Cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica e
a amamos. Aceitamos a totalidade de sua organização,
todos os meios de salvação nela instituídos e
sua estrutura visível.
A Comunidade nasceu no seio da Igreja para ser e testemunhar, na catolicidade
e unidade de comunhão eclesial, a graça batismal que
nos insere na Trindade. Seus membros, feitos pela Santa Mãe
Igreja, filhos no Filho, aceitam e proclamam a sua participação
na Encarnação do Verbo. Regenerados como “filhos
no Filho”, os batizados são inseparavelmente membros
de Cristo e membros do corpo da Igreja (CF, nº 17),
ou seja, membros uns dos outros.
"O mundo foi criado em vista da Igreja", diziam
os cristãos dos primeiros tempos. Deus criou o mundo em vista
da comunhão com sua vida divina, comunhão esta que se
realiza pela "convocação" dos homens em Cristo,
e esta "convocação" é a Igreja. A Igreja
é a finalidade de todas as coisas, e as próprias vicissitudes
dolorosas, como a queda dos anjos e o pecado do homem, só foram
permitidas por Deus como ocasião e meio para desdobrar toda
a força de seu braço, toda a medida de amor que Ele
queria dar ao mundo: Assim como a vontade de Deus é um ato
e se chama mundo, assim também sua intenção é
a salvação dos homens e se chama Igreja (CCE 758
a 760).
Nas conclusões de Santo Domingo, uma das preocupações
dos bispos era o avanço das seitas, levando-os a orientar,
nas linhas pastorais, que fosse garantida a “identidade da Igreja”,
em aspectos que lhe são característicos como:
a) A devoção ao Mistério da Eucaristia,
sacrifício e banquete Pascal;
b) A devoção à Santíssima Virgem, Mãe
de Cristo e Mãe da Igreja;
c) A comunhão e a obediência ao Romano Pontífice
e ao próprio bispo;
d) A devoção à Palavra de Deus lida na Igreja.
(cf. CSD, nº 143)
Tais aspectos são vivenciados e evidenciados
em nossa espiritualidade, mas de modo especial, ressaltamos aqui a
comunhão e a obediência ao Romano Pontífice e
ao próprio bispo. Por estas palavras, entendemos esta comunhão
e obediência não somente ao papa e ao bispo, mas também
a toda a riqueza ensinada pelo Sagrado Magistério no decorrer
da história da Igreja.
Fazendo uso da liberdade que temos quanto cidadãos,
nas coisas da sociedade terrestre, procuraremos impregnar nossas atividades
com o espírito evangélico, seguindo a doutrina proposta
pelo Magistério da Igreja, e em questões opináveis,
nunca apresentaremos o próprio parecer como doutrina da Igreja.(cf.
CIC cân. 227)
Com o nosso testemunho como Igreja, desejamos fazer crível
a fé que professamos, mostrando autenticidade e coerência
em nossa conduta.
Nada faremos, mesmo que tido por inspiração, que não
tenha a confirmação e aprovação da Santa
Mãe Igreja.
Queremos ser da Igreja, Corpo de Cristo, seus “braços”,
para acolher, socorrer e atender aqueles que estejam famintos, sedentos,
nus, doentes ou presos; sua “boca”, para os que estejam
perdidos e sofrendo; seus “ouvidos”, para atender o clamor
do Senhor na boca dos que estejam famintos e sedentos do Reino de
Deus.